sábado, 14 de fevereiro de 2009

VIDAS FELIZES

Entre as flores o seu coração estava em casa, como se fosse uma delas. A todas chamava pelo nome, por amor dava-lhes novas designações mais belas e sabia exactamente a duração da vida de cada uma, na alegria.

[…]

E tudo isto não era absolutamente nada estabelecido, cultivado, mas simplesmente desenvolvido à medida que ela crescia. Trata-se, pois, de uma certeza eterna, por todo o lado comprovada: quanto mais inocente e bela é uma alma, tanto mais familiar ela é às outras vidas felizes, a que chamamos inanimadas.

 FRIEDRICH HÖLDERLIN (1770-1843), Hipérion ou o Eremita da Grécia

3 comentários:

Anónimo disse...

"OLHINHOS AMARELOS"

Sempre que de manhã se anunciava,
com céu azul, um dia de calor,
um pensamento logo te assaltava
antes de vir o sol abrasador:

dar protecção às tuas violetas
que nas janelas eram por sistema
as tuas confidentes predilectas
fosse qual fosse o respectivo tema.

Era um encanto a forma carinhosa
como em pijama ainda e de chinelos
as tratavas de "olhinhos amarelos"!

Sem a tua presença afectuosa
e teu talento... para as entender
calculo, amor, como elas vão sofrer!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

AFINIDADES

Apesar, meu amor, do meu cuidado
em tratar delas, como tu fazias,
as tuas violetas que esmerado
abrigo do calor todos os dias,

vão com saudaes tuas definhando,
pois não lhes sei falar nem compreender,
vendo-as constantemente estiolando
sem ser capaz,amor, de lhes valer.


É que eu não tenho, amor, o teu condão
de conversar e de estender a mão
a tudo quanto é bom na natureza.

Além de uma enormíssima beleza,
Deus te dotou da sensibilidade
que tem com seu perfil... afinidade!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

CERTEZA ETERNA

"A Poesia na terra nunca morre"
Hölderlin

Na terra a Poesia nunca morre
seja qual for a respectiva forma,
ou seja, a teoria, regra ou norma
da qual cada Poeta se socorre.

Enquanto rosas nos jardins houver
e namorados para as aspirar,
não tenho relutância em afirmar
que a Poesia vai sobreviver.

Como diz o Poeta, e muito bem,
a Poesia nunca há-de extinguir-se
enquanto a terra não morrer também.

Quando esta houver, por fim, de consumir-se,
em crer estou por mim que a Poesia
nem mesmo assim... tem de acabar um dia!

João de Castro Nunes