domingo, 4 de maio de 2008

TEXTOS EXEMPLARES - "O Encontro"

Por vezes, sem qualquer esforço, sou uma atmosfera ou identifico-me com um arvoredo, com a sua cor sombria, cor de veludo e silêncio, cor de estar ou ser, intemporal e densa. Eis onde vivo por momentos. Onde sou uma respiração do silêncio. Ou então uma encosta. Umas quantas janelas onde já ninguém vem assomar-se. Uma faixa oblíqua de cor ensimesmada no abandono de uma tristeza que é um gesto da imobilidade. Alongado, profundo, externo gosto de ser e nada mais. Estar ou ser no encontro tornou-se a exactidão pura de uma densidade tranquila e suficiente, internamente imensa. Contemplação intensa e calma, como liberta do desejo, e todavia a forma e o fundo do desejo como substância única, salva numa completa tranquilidade. Neste muro inabitável, por abandonado e solitário, está a mais viva e a mais sossegada habitabilidade do mundo. Sinto a vibração aérea do imperecível e todavia efémero. Sou agora, abandonando-me, o próprio encontro com o que não responde e que responde no silêncio do inanimado. Horizontal, vertical, estou reunido como uma pedra e não me afundo, não soçobro entre a sombra e a água.
António Ramos Rosa

9 comentários:

Anónimo disse...

Este texto, a meio caminho entre poesia, que não é, nem prosa, que não chega a ser, não passa, para meu gosto, de uma grande patacoada.

Anónimo disse...

Com o devido respeito por quem não pensa como eu, acho o texto bonito e até muito estimulante , devido às hipóteses de interpretação que deixa em aberto.

Anónimo disse...

A dança de Matisse está "desencontrada" com o texto.

Anónimo disse...

Também acho. O Matisse não tem nada que ver com o texto. E eu não gosto do texto. Acho-o vaidoso e vazio.

Anónimo disse...

Ainda bem que não só eu a pensar assim. Que mau uso deram à representação de Matisse! Cada coisa no seu lugar.

Anónimo disse...

Como saiu estropiado o meu texto, repito:

Ainda bem que não sou só eu a pensar assim. Que mau uso deram à representação de Matisse! Cada coisa no seu lugar.

Anónimo disse...

DANÇA COMIGO!

Sob a inspiração de Ingmar Bergman


Dança comigo adequadamente,
"Senhora D. Morte" a quem não temo,
dança comigo ante o Juiz Supremo,
como é costume teu com toda a gente!

Dança comigo, juntos, de mão dada,
um tango, um minuete de salão,
à tua escolha, à tua discrição,
uma valsa talvez apropriada!

Não deixarei de me sentir contente
por tendo já vivido longamente
altura ser de ir ter com meu amor.

Dança comigo, como o uso manda,
mesmo que seja, à falta de melhor,
uma norte-europeia sarabanda!


JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Olhem, pessoal! Eu até nem sou desta Associação e passei aqui por acaso. Mas não acham que começarem a discutir o escrito do tal gajo e depois passarem à pintura é coisa de quem não tem nada que fazer?

Anónimo disse...

"Quem não tem nada que fazer" não escreve comentários mais ou menos tolos; faz colheres de pau!