quinta-feira, 25 de setembro de 2008

OUTROS SINAIS

Navegamos por águas longe e pelo nevoeiro. A bordo do nosso navio fantasma SOMOS O QUE SOMOS e ao nosso redor apenas o chapinhar das águas misteriosamente calmas de encontro ao casco nos impressiona e informa. Acreditamos que jamais o homem será escravo enquanto houver um só Poeta, isolado e ignorado que seja, a reclamar a si mesmo a decisão ou indecisão magníficas.

[…]

O Futuro é tão antigo como o Passado. E ao caminharmos para o Futuro é o Passado que conquistamos!

 

ANTÓNIO MARIA LISBOA (1928-1953), Poesia

2 comentários:

Anónimo disse...

FUTURO QUE É PASSADO

É no futuro oculto, no porvir,
que vai ganhar realce redobrado
o nosso património do passado
que sempre estamos a reconstruir.

Isto é uma verdade como punhos,
iniludíve, que constantemente
devemos ter no espírito presente
tendo os Poetas como testemunhos.

São eles que, melhor do que ninguém,
têm olhos para ver o nunca visto,
sondando o que se encontra para além.

Deu-lhes a natureza esse condão
que em derradeira análise é um misto
de perspicácia e de imaginação!

João de Castro Nunes

Luís Alves de Fraga disse...

A lucidez e a transparência da afirmação - que parece ligeira, mas é densa - mostra-nos a perspicácia deste jovem surrealista que largos voos teria para voar se a morte não o levasse tão cedo.

Conheci-o, no "seu" bairro da Ajuda, em Lisboa, mas eu era tão criança que não tinha ainda o tino suficiente para compreender a vastidão do seu intelecto. Ficaram-me as páginas para lê-lo.