quinta-feira, 6 de novembro de 2008

FORMA E CONTEÚDO NA ARTE

As correntes formalistas, dedicando-se exclusivamente aos processos formais e condenando a intenção expressiva e o propósito de comunicar com os outros homens por intermédio da arte e desinteressadas à partida da sua receptividade, da eventual emoção que provocam, desempenham um papel redutor do valor artístico. Por tudo isso se critica o formalismo e as suas pretensões absolutizantes. Se defende a concepção da arte como um valor e um elemento da sociedade e portanto com profundas significações sociais. Se defende que a obra de arte é um meio de comunicação com seres humanos e que é justo desejar que o artista, em vez de desprezar a reacção que a sua obra provoca, procure que ela provoque uma reacção espontânea de agrado e apreço. Se defende uma arte de intervenção. Mas em atitude contrária à dos dogmáticos e intolerantes e teorizadores do formalismo; nesta atitude não se desprezam os meios formais antes se lhes atribui um valor estético-base. Explica-se assim que ao mesmo tempo que se critica o formalismo se verifica e se sublinha o valor estético da forma e da arte formalista.

 ÁLVARO CUNHAL, A arte, o artista e a sociedade, 1996

Sem comentários: