quinta-feira, 2 de abril de 2009

JORGE DE SENA - EDITH PIAF



Quem tinha assim a morte

na sua voz

e na vida,

Quem como ela perdeu

toda a alegria e toda a esperança

é que pode cantar

com esta ciência do desespero

de ser-se um ser humano

entre os humanos

que o são tão pouco.

 

JORGE DE SENA , A Piaf 

2 comentários:

Anónimo disse...

A EXCEPÇÃO

É mesmo assim, Poeta: o ser humano,
embora seja uma porção de Deus,
é mero simulacro de gusano
tentando erguer os olhos para os céus.

Camões o definiu "bicho da terra",
mesquinho ser roído pela inveja
de, preso à carapaça que o encerra,
não se elevar do solo em que rasteja.

Destacam-se da espécie aqueles seres,
quer sejam masculinos quer mulheres,
que pelo seu talento, "engenho e arte",

"se vão da lei da morte libertando",
constituindo um universo à parte
que se dilata só de quando em quando!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

SUPREMO AZAR!

Tenho por dentro uma dor
que gostava de arrancar:
a de ser um pensador
obrigado a cogitar.

A dor que trago comigo
é de ser... um ser humano:
até parece castigo
por ter causado algum dano.

A minha angútia sem cura
é ser uma criatura
ao próprio Deus semelhante.

Ao fazer-me seu parceiro,
pôs-me Deus em cativeiro
desse momento em diante!

João de Castro Nunes