domingo, 26 de abril de 2009

OUTROS SINAIS

Navegamos por águas longe e pelo nevoeiro. A bordo do nosso navio fantasma SOMOS O QUE SOMOS e ao nosso redor apenas o chapinhar das águas misteriosamente calmas de encontro ao casco nos impressiona e informa. Acreditamos que jamais o homem será escravo enquanto houver um só Poeta, isolado e ignorado que seja, a reclamar a si mesmo a decisão ou indecisão magníficas.

(….)

Agrada-me profundamente saber que eu estou num ponto do Universo que necessita ser esticado para o lado de fora, quero dizer: para a minha frente. (…)

O Futuro é tão antigo como o Passado. E ao caminharmos para o Futuro é o Passado que conquistamos!

(….)

 

ANTÓNIO MARIA LISBOA (1928- 1953), Poesia

2 comentários:

Anónimo disse...

INTEMPORALIDADE

"O Futuro é tão antigo como o Passado"

António Maria Lisboa

É no Futuro inquestionavelmente
que se oculta o Passado, dia a dia,
pelos caminhos da sabedoria,
colocado à mercê da nossa mente.

Para expressar-me figuradamente,
uso fazendo de uma alegoria,
eu congemino a cena que seria
mordendo a cauda a boca da serpente.

Na altura em que a Ciência for capaz
de imaginar o termo do Universo,
vislumbra-se o que fica para trás.

Vendo a medalha pelo seu reverso,
podemos vir a ter seguro indício
de como tudo teve o seuinício!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

"...enquanto houver um só..."

Lembrando António Maria Lisboa

Enquanto houver na terra um só Poeta
o espírito não morre no universo,
pois cabe muitas vezes num só verso
o que de qualquer forma nos afecta!

Enquanto houver na terra Poesia
cheirando a rosas brancas de toucar,
a alma dos homens, mesmo a mais vulgar,
nunca, jamais se sentirá vazia!

Enquanto a liberdade persistir
em poeticamente resistir,
não se pode falar de escravidão!

Independentemente da nação,
basta um Poeta, quando verdadeiro,
para manter-se livre o mundo inteiro!

João de Castro Nunes