quinta-feira, 3 de abril de 2008

TERTÚLIA SOBRE O PATRIMÓNIO




A ALTERNATIVA irá realizar, no próximo dia 7 do corrente mês, às 21h30m, na Galeria Santa Clara (junto ao Portugal dos Pequeninos), em Coimbra, a sua Segunda “Tertúlia”. O tema a discutir subordinar-se-á ao seguinte mote: Intervir no Património. O tema será introduzido por dois dos nossos mais fiéis Associados: a Drª MARIA ANTÓNIA LUCAS DA SILVA e o Arquitecto FERNANDO MADEIRA. Prevê-se que o assunto concite o interesse de muitos de nós e que a afluência a esta “Segunda Tertúlia Alternativa” seja considerável.
A defesa do Património, edificado e não-edificado, está hoje na ordem do dia. A integração de Portugal no espaço europeu converteu-nos, para o melhor e para o pior, num “país de lazer” (mais para os que chegam do que para os que cá estão…), antevendo-se que uma importantíssima parte da sobrevivência do país se realize através da captação de receitas do Turismo. Ora, o Património é a coluna principal de uma oferta turística digna desse nome.
A questão está toda em saber se os cidadãos portugueses têm a perfeita consciência desta realidade; se as Autoridades, nos seus diversos níveis e escalões de intervenção, se esforçam suficientemente na preservação da riqueza patrimonial que temos; se nas nossas Escolas está a fazer-se uma sensibilização para a salvaguarda do Património; e até se somos hoje dignos de tais riquezas, que os nossos antecessores nos legaram.
São assuntos deste teor que estarão em aberto na nossa Tertúlia, para que possam ser escalpelizados e debatidos com a inteligência de que formos capazes.

Os dois seguintes poemas do Professor João de Castro Nunes, Amigo da ALTERNATIVA desde a primeira hora, são uma excelente introdução ao tema, que será por nós debatido no dia 7.

Lidar com pedras

As vilas, as aldeias, as cidades,
na sua topográfica estrutura,
têm alma própria, têm identidades
como qualquer pessoa ou criatura.

Existe um eixo de orientação
no seu traçado, nunca lhes faltando
um largo principal, cuja feição
não se deve alterar de quando em quando.

Não se pode mexer de qualquer modo
numa edificação, num monumento
sob pena de estragá-los no seu todo.

Cada lugar merece ser tratado
quando se impõe, mas com discernimento
a fim de não ficar… desvirtuado!



Identidade e património

A maneira de ser, a identidade
de uma nação, de um povo, que se entende
como uma espécie de comunidade,
da forma de governo não depende.

Assenta no diálogo constante,
ininterrupto, a bem dizer diário,
com as leiras que temos por diante
servindo-nos de berço e de cenário.

Governe-nos um rei ou presidente,
Manuel, João, Cesário ou Possidónio,
o caso nada tem de transcendente.

O que de uma horda faz uma nação
é o seu comum apego ao património
ainda que não passe de um torrão!

João de Castro Nunes


4 comentários:

Anónimo disse...

Também a magia de Coimbra é um património que importa preservar.


Magia coimbrã

Paira sobre Coimbra um sentimento
de emotiva saudade tão tangível
que parece ter corpo que é possível
tocar como se fosse um monumento.

Envolve-nos um ar de encantamento
de tal maneira denso e perceptível
que toda a gente, mesmo que insensível,
se deixa avassalar a cem por cento.

Não sei donde lhe brota essa magia
que inexoravelmente nos seduz
e como estranho odor nos inebria.

O certo é que ninguém, por mais que faça,
se sente imune à acetinada luz
que enche Coimbra de inesina graça!

João de Castro Nunes

Living Place disse...

Um tema importantissimo, vou tentar ir, mas com exames à porta...

Anónimo disse...

CHEIRO A ROMÃ


Nas românticas ruas coimbrãs
à volta do Penedo da Saudade
e nos terrenos da Universidade
respira-se um perfume de romãs.

Suponho que ele emana das imagens
retintamente góticas que estão
expostas no Museu, tendo na mão
uma romã de exóticas paragens.

Estátuas são da Virgem, trabalhadas
por geniais artistas estrangeiros,
no rosto das tricanas inspiradas.

Não vejo de onde mais possa surgir
esse perfume, esses arábios cheiros
que em Coimbra ninguém deixa de sentir!


João de Castro Nunes

Emanuel Guimarães disse...

Infelismente não poderei ir para grande pena minha, mas a distância e o trabalho (algum na preservação do património) não me dão qualquer hipótese. Boa tertúlia alternativa.