terça-feira, 27 de maio de 2008

HOMENAGEM AO RISO - GROUCHO MARX

O amor não era nada fácil para o homem pré-histórico. E mesmo agora, também não é nenhuma pechincha. O problema do amor está em que muita gente o confunde com uma gastrite. Depois de curada a indisposição, descobrem que estão casados com uma pequena que não desposariam nem que os matassem. Alguns dos primeiros subprodutos do amor do homem foram o salão de beleza, o bicarbonato de soda e a família. A família, como provavelmente sabem, é uma unidade social baseada no agrupamento instintivo de todos as animais – por exemplo, a mãe da esposa, as duas irmãs da esposa (que, se calhar, nunca arranjarão um homem) e o irmão da esposa , que nada faz de há oito anos para cá. Observe-se que esse grupo não contém quem quer que seja da família do marido. Só dela. Era assim na Idade das Trevas e continua a sê-lo ainda hoje.

Groucho Marx (1895-1977), Memórias de um Pinga-Amor

3 comentários:

Anónimo disse...

Nada faz melhor às criaturas que uma boa e espontânea gargalhada.

Anónimo disse...

O DOM DE RIR


Minha mulher a tudo achava graça:
como criança de alma ainda pura,
em todo o sítio ou em qualquer altura,
de tudo ria, menos da desgraça.

Eram faladas suas gargalhadas
que, atravessando portas e janelas,
faziam ressonância nas estrelas
e eram pelos anjos escutadas.

Se em vez de ser católico romano
eu fosse apenas um pagão profano,
sabeis o que diria a esse respeito?

Que o dom de rir assim, de peito feito
e alma sã, sem ânimo de ofensa,
era dos deuses uma graça imensa!


JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

POR TUDO RIA


Ria por tudo; era um regalo ouvir
as suas espontâneas gargalhadas,
inconfundíveis, personalozadas,
como somente os puros sabem rir.

Era um sintoma de felicidade,
de paz interna, autêntica, assumida,
peculiar de uma alma dividida
entre o prazer da vida e a santidade.

Por tudo ria, qual uma criança,
sem mal algum, com toda a confiança,
na rua, no cafá, no lar, à mesa.

Desde o momento em que ela faleceu,
ouvem-na agora os anjos lá no céu
sem darem quaisquer mostras de estranheza!


JOÃO DE CASTRO NUNES