Se estás disposto a nunca usar da violência, e sempre resistindo, torna-te forte de corpo e de alma; é a mais difícil de todas as atitudes; exige a constante vigilância de todos os movimentos do espírito, o domínio completo de todos os impulsos dos nervos e dos músculos rebeldes; a agressão é fácil contra o medo e também a primeira solução; para que, em todos os instantes, a possas pôr de lado e substituí-la pela tranquila recusa, não te deves fiar nos improvisos; a armadura de que te revestes nos momentos de crise é forjada dia a dia e antes deles; faz-se de meditação e de ginástica, de pensamento definido e preciso e de perfeitos comandos; quando menos se prevê surge o instante da decisão; rápida e firme, sem emoções ou sufocando-as, tem de trabalhar a máquina formada.
AGOSTINHO DA SILVA (1906-1994), Ir à Índia sem abandonar Portugal
4 comentários:
Anónimo
disse...
EMOTIVIDADE
À memória - em discordância - do pensador Agostinho da Sila
Não basta dizer não, cruzando os braços ante a opressão que as mentes atrofia e com grilhões ou quaisquer outros laços nos tolhe a reacção à felonia.
Não sou dos que se ficam pela ideia de que se deve à força resistir as armas enterrando sob a areia até chegar a ocasião de agir.
Prefiro o gesto nobre e arrogante de Vaz de Almada, aparecendo armado ante o real conselho conluiado.
Não basta em pensamente dizer não, mas escutando a voz do coração a luva levantar no mesmo instante!
Sem deixar o meu lar em frente ao mar que nunca fiz tenção de abandonar por comigo morar e sempre a ele retornar ao fim de cada terra a desvendar estive lá estive sempre lá de dia, à noitr, à tarde, de manhã em todos os combates e todos os debates ouvindo e proferindo tanto verdades como disparates de todos os quilates sobre Alcácer-Quibir e Dom Sebastião que há-de tornar a vir "quer venha ou não"; estive lá estive sempre lá sem deixar de estar cá no meio da metralha de cada patriótica batalha em carne e osso, espírito e acção, com todo o meu talento e coração pois desde que nasci ou se calhar antes talvez eu assumi a minha condição de português!
A ALTERNATIVA - Associação Cultural para o Desenvolvimento do Ser Humano, tem a sua sede em Coimbra. Foi legalizada em Julho de 2007 e pretende contribuir, dentro das suas possibilidades, para a valorização cívica e ética dos seus associados. Assume-se como independente de todos os poderes económicos, políticos ou religiosos e pratica no seu seio um saudável pluralismo. Repudia todas as formas de dogmatismo, pois pretende ser um espaço de livre discussão e de fraterno convívio entre todos os seus membros. A defesa dos direitos humanos e a apologia da multiculturalidade são vectores fundamentais da sua identidade. A ALTERNATIVA considera a Cultura como um repositório de valores ao serviço da espécie humana. Amigo, se te revês neste esboço, a ALTERNATIVA estará à tua espera.
4 comentários:
EMOTIVIDADE
À memória - em discordância - do pensador Agostinho da Sila
Não basta dizer não, cruzando os braços
ante a opressão que as mentes atrofia
e com grilhões ou quaisquer outros laços
nos tolhe a reacção à felonia.
Não sou dos que se ficam pela ideia
de que se deve à força resistir
as armas enterrando sob a areia
até chegar a ocasião de agir.
Prefiro o gesto nobre e arrogante
de Vaz de Almada, aparecendo armado
ante o real conselho conluiado.
Não basta em pensamente dizer não, mas escutando a voz do coração
a luva levantar no mesmo instante!
João de Castro Nunes
AS MINHAS ÍNDIAS
Na minha condição de português
por natureza aberto à terra inteira
plantei de cruz na mão minha bandeira
entre populações de outro haez.
Amei, rezei, fiz versos e poemas
a quantas deusas pelo mundo achei
nos vários continentes que habitei
sem perturbar por norma os seus sistemas.
Mais do que a língua que falamos todos
e se vai corrompendo dia a dia
por força da alcançada autonomia,
por lá deixei ficar, por muitos modos,
o meu pendor, a minha faculdade
de conviver com toda a humanidade!
João de Castro Nunes
No 4º verso da 1ª quadra, corrijo para "jaez" a gralha "haez".Acontece.
J. C. N.
ESTIVE LÁ
Sem deixar o meu lar
em frente ao mar
que nunca fiz tenção de abandonar
por comigo morar
e sempre a ele retornar
ao fim de cada terra a desvendar
estive lá
estive sempre lá
de dia, à noitr, à tarde, de manhã
em todos os combates
e todos os debates
ouvindo e proferindo
tanto verdades como disparates
de todos os quilates
sobre Alcácer-Quibir
e Dom Sebastião
que há-de tornar a vir
"quer venha ou não";
estive lá
estive sempre lá
sem deixar de estar cá
no meio da metralha
de cada patriótica batalha
em carne e osso, espírito e acção,
com todo o meu talento e coração
pois desde que nasci
ou se calhar antes talvez
eu assumi
a minha condição de português!
João de Castro Nunes
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