Vi-me, num sonho, no gabinete de trabalho de Goethe. Não havia qualquer semelhança com o de Weimar. Reparei que era muito pequeno e tinha uma única janela. O lado mais estreito da secretária estava encostado à parede em frente. O poeta, em idade muito avançada, estava sentado a escrever. Eu deixei-me ficar ao lado, até que ele interrompeu o trabalho e me ofereceu uma pequena jarra, um vaso antigo. Eu fi-la girar entre as mãos. O calor na sala era insuportável. Goethe levantou-se e foi comigo para a sala ao lado, onde estava posta a mesa comprida para todos os meus parentes. Mas parecia destinada a muitas mais pessoas do que estes. Devia estar posta também para os antepassados. Sentei-me ao lado de Goethe na cabeceira direita da mesa. Quando a refeição terminou, ele levantou-se com dificuldade e eu, com um gesto, pedi permissão para o amparar. Ao tocar-lhe no cotovelo comecei a chorar de comoção.
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1 comentário:
GOETHE
Ante os heróis me curvo com respeito,
seja qual for seu tipo de heroísmo,
seja qual for o respectivo feito,
sem pôr em causa o meu patriotismo.
A todos eles tiro o meu chapéu
independentemente da nação
em cujo solo está seu mausoléu
para imortalizar a sua acção.
Políticos, soldados, pensadores
merecem por igual a minha estima,
a par dos mais egrégios escritores.
Somente abro excepção para os Poetas
que, como Goethe, ponho muito acima
das minhas preferências mais selectas!
João de Castro Nunes
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