segunda-feira, 27 de abril de 2009

OS GIRASSÓIS


Assim fremente e nua

a luz só pode ser dos girassóis.

Estou tão orgulhoso

por esta flor difícil ter entrado pela casa.

É talvez o último verão,

tão feito de abandono é meu desejo.

Mas estou orgulhoso dos girassóis.

Como se fora seu irmão.

 

EUGÉNIO DE ANDRADE (1923-2005), in A Religião do Girassol

2 comentários:

Anónimo disse...

À LUZ DOS GIRASSÓIS

Para Eugénio de Andrade

Ao pé da tua, a minha Poesia,
caro Poeta das roseiras bravas,
das coisas simples em que te inspiravas,
é pura prosa sem qualquer valia!

Admiro em ti, por intenção tomada
sem género nenhum de coacção,
a tua singeleza ou discrição
propositadamente cultivada!

Há sol nos teus translúcidos poemas,
sol e luar, segundo o estado de alma
que te levasse no momento a palma!

Subtil na forma e lírico nos temas,
alheio a exibições de linguagem,
de ti teus versos são perfeita imagem!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

A L T E R N A T I V A :

SOZINHO... EM CAMPO

Que pena tenho, francamente o digo,
que os intelectuais da Lusa-Atenas
não se disponham a lidar comigo
no solo virtual destas arenas!

Ninguém levanta a luva arremessada
e em prosa ou verso, à escolha do freguês,
me enfrenta, de viseira levantada,
singularmente ou três de cada vez!

Será por medo, cobardia ou falta
de inteligência, de cultura ou gosto
de se esquivar às palmas da ribalta?

Seja lá por que seja, o certo é que eu,
por mim, não me recuso a dar o rosto
seja a quem for, palonço ou corifeu!

João de Castro Nunes