quarta-feira, 20 de maio de 2009

DE TARDE


Mais morta do que viva, a minha companheira

Nem força teve em si para soltar um grito;

E eu, nesse tempo, um destro e bravo rapazito,

Como um homenzarrão servi-lhe de barreira!

 

Em meio de arvoredo, azenhas e ruínas,

Pulavam para a fonte as bezerrinhas brancas!

E, tetas a abanar, as mães, de largas ancas,

Desciam mais atrás, malhadas e turinas.

 

Do seio do lugar – casitas com postigos –

Vem-nos o leite. Mas baptizam-no primeiro.

Leva-o, de madrugada, em bilhas, o leiteiro,

Cujo pregão vos tira ao vosso sono, amigos!

 

CESÁRIO VERDE (1855-1886), O livro de Cesário Verde

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