Este meu “trabalho de investigação”, dedico-o ao meu Amigo e Director do “Jornal do Fundão”, Fernando Paulouro, pelas razões, óbvias, que mais abaixo decifrarão.
“Pelas mãos do invencível e fidelíssimo Arcanjo S. Miguel, que já lá na Celestial Jerusalém venceu em renhida lucta o feroz e soberbo Lúcifer, Vos ofereço, ó Virgem Pura e Immaculada, Rainha Universal dos Ceos e da Terra, e até mesmo do Inferno, este meu pequeno e pobre trabalho que não tem outro fim, se não guerrear aquele mesmo Dragão, ao qual, Vós, poderosa e corajosa Judith, amaniestaste as mãos, e esmagaste a altiva cabeça. Ò Virgem das Virgens, Senhora da Conceição, livrai das unhas d’aquelle traidor Mestre d’Enganos esta vossa obra; purificae-a, abençoae-a e propagae-a Vós mesma.
Quem assim escreveu, fê-lo em forma de dedicatória ao seu livro “Satanaz Desmascarado ou Educação Práctica” e intitulou-se como “Professor Particular no Fundão”. Depois, num elucidatório “Prólogo”, começa com “Escrevi particularmente para os meus numerosos discípulos e contemporâneos d’outr’ora, que, há dez annos, me têm passado pelas mãos”.
Não me atrevo tentar descobrir o percurso (e o final) daqueles que, durante dez anos e, provavelmente, mais outros tantos, “passaram pelas mãos” de tão inclíto e incogitável pedagogo, que acudia por José Antunes dos Santos, e publicou em data para mim incerta, talvez na transição dos séculos XIX/XX, esta obra que pretende combater a “philosofia (…) a que pretendem chegar os estúpidos e corrompidos atheos, materialistas, maçónicos, carbonários, jacobinos e outras innumeraveis bestiagas, que escaparam à navalhinha do padre José Agostinho de Macedo, quando lhes esfolou a Besta-Mãi”. Terminando “FIM – Deo Gratias, et Marie Immaculatae”, numa invocação espiritual, etérea, confessional.
Na altura que dei de frente com tão repleta “philosophia” – acrescento como curiosa coincidência, - o senhor bispo do Porto, o actual, revelava-se preocupado com prosaicas coisas, materiais, do foro terreno, como a Liberdade de imprensa e interrogava-se se a mesma viria a ser limitada, (quiçá amordaçada!) por este, este mesmo ainda, Governo.
Preside o neto da rainha Ginga
À corja vil, aduladora, insana.
Traz sujo moço amostras de chanfana
E em copos desiguais se esgota a pinga
O paradigma do homem da Beira Interior, não é o deste José Antunes dos Santos, dir-me-ão. Pois não. Beato e velhaco ao mesmo tempo não poderei citar mais nenhum exemplo de memória... Em contrapartida, há relatos que sobem aos mais altos padrões da Honra, da Cidadania, da Integridade e do Despojamento. A disputa, que terminou em duelo, entre João Pinto dos Santos, advogado e parlamentar, natural das Donas, e João Franco (Pinto Castelo Branco). ministro do Reino. e natural da vizinha Alcaide, ambas do concelho do Fundão, demonstra isso mesmo! De resto, temos duas figuras contemporâneas com as costelas enxertadas nas Donas, aldeia tão pequenina, que vale a pena citar, também, neste contexto: José Hermano Saraiva e António Guterres. Por aqui me fico!
A. J. MARTINHO MARQUES
Associado da ALTERNATIVA
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