A história que se segue, e na qual a minha filha de 3 anitos é a principal interveniente, serviu de mote para as cogitações que seguem.
“Naquele sábado comprei-lhe um saco de gomas, e adverti-a que só poderia comer uma guloseima depois do almoço. Estava a começar a pôr a mesa, quando a vi passar por mim, apressada, com o saco de gomas… aberto! De imediato a chamei e inquiri: “Filhota!!!! Comeste alguma goma?” – ela, demorando alguns segundos, respondeu com toda a convicção deste mundo: “Mamã! Eu juro que não vi estas mãos mexer neste saco! Nem senti estes dentes a comer a goma!!!” – perante esta resposta inesperada, confesso que demorei algum tempo a reagir. Só passado uns segundos impus a minha autoridade de mãe e confisquei-lhe, de pronto, os ditos bens.
Que ligação tem esta resposta infantil, mas já com alguma maldade, com o mundo actual dos adultos? Passo a explicar.
Numa época em que se fala muito de casos de corrupção e enriquecimento ilícito, lembrei-me que também alguns desses suspeitos, tal como a minha filha, podem não ter visto a própria mão ir ao “saco alheio”!!! Ou, numa situação similar, também o jogador de futebol tem todo o direito de afirmar, com a carinha mais inocente deste mundo: “Eu!!!! Eu juro que não vi, nem senti esta minha perna pontapear, à má fila, o adversário!”. Tenho a ligeira sensação, que já por aí andam uns quantos “pernetas” e “desdentados”...
Enfim…somos todos inocentes, nada vemos, nem sentimos! Realmente a frase setecentista “Em Arca Aberta o Justo Peca”* ganha actualidade! Tirem as vossas conclusões, mas façam-no, por favor, com os pés bem assentes no chão e os olhos bem abertos!
(*Frase popular do Século XVII que exemplifica o inicio da decadência lusa na Índia)
MARIA ANTÓNIA - Associada da ALTERNATIVA
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