[…]
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição.
[…]
MÁRIO CESARINY (1923-2006), You are welcome to elsinore (excerto)
1 comentário:
GÉNESIS
Só depois de falar, homem se fez
o ser de que provém, tivesse ou não
a sua mesma configuração
e com certeza idêntica nudez.
Pela palavra, em lenta evolução,
do seu primitivismo se desfez
e para Deus, pela primeira vez,
a sua voz ergueu numa oração.
"Ao longo da muralha que habitamos"
o verbo, tanto em prosa como em verso,
galgou todas as vias do universo.
Pela livre expressão da nossa mente,
o ser humano, em que nos integramos,
deixou de ter limites... de repente!
João de Castro Nunes
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