De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes (1913-1980)
PS da Direcção da ALTERNATIVA : «Vinicius, que saudades nós temos de ti!»
2 comentários:
Quem não tem saudades de Vinicius?
JCN
O MEU SONETO DA FIDELIDADE
Em homenagem a Vinicius de Moraes
Tive um amor que nunca mais morreu,
o qual, tendo na terra terminado,
a vigorar continuou no céu
com mais intensidade, redobrado.
Tive um amor que nunca esquecerei
em circunstância alguma, por mais anos
que vão passando desde que cessei
de ter contigo, amor, tratos humanos.
Tive um amor que nunca há-de morrer,
mesmo depois de a terra se extinguir
e para sempre o sol se escurecer.
Amor assim... é luz que não se apaga
até que os astros deixem de fulgir
e em rosas se transforme cada frga!
João de Castro Nunes
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