domingo, 8 de fevereiro de 2009

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei-de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes (1913-1980)

PS da Direcção da ALTERNATIVA : «Vinicius, que saudades nós temos de ti!»

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem não tem saudades de Vinicius?

JCN

Anónimo disse...

O MEU SONETO DA FIDELIDADE

Em homenagem a Vinicius de Moraes


Tive um amor que nunca mais morreu,
o qual, tendo na terra terminado,
a vigorar continuou no céu
com mais intensidade, redobrado.

Tive um amor que nunca esquecerei
em circunstância alguma, por mais anos
que vão passando desde que cessei
de ter contigo, amor, tratos humanos.

Tive um amor que nunca há-de morrer,
mesmo depois de a terra se extinguir
e para sempre o sol se escurecer.

Amor assim... é luz que não se apaga
até que os astros deixem de fulgir
e em rosas se transforme cada frga!

João de Castro Nunes