A ALTERNATIVA irá realizar, no próximo dia 7 do corrente mês, às 21h30m, na Galeria Santa Clara (junto ao Portugal dos Pequeninos), em Coimbra, a sua Segunda “Tertúlia”. O tema a discutir subordinar-se-á ao seguinte mote: Intervir no Património. O tema será introduzido por dois dos nossos mais fiéis Associados: a Drª MARIA ANTÓNIA LUCAS DA SILVA e o Arquitecto FERNANDO MADEIRA. Prevê-se que o assunto concite o interesse de muitos de nós e que a afluência a esta “Segunda Tertúlia Alternativa” seja considerável.
A defesa do Património, edificado e não-edificado, está hoje na ordem do dia. A integração de Portugal no espaço europeu converteu-nos, para o melhor e para o pior, num “país de lazer” (mais para os que chegam do que para os que cá estão…), antevendo-se que uma importantíssima parte da sobrevivência do país se realize através da captação de receitas do Turismo. Ora, o Património é a coluna principal de uma oferta turística digna desse nome.
A questão está toda em saber se os cidadãos portugueses têm a perfeita consciência desta realidade; se as Autoridades, nos seus diversos níveis e escalões de intervenção, se esforçam suficientemente na preservação da riqueza patrimonial que temos; se nas nossas Escolas está a fazer-se uma sensibilização para a salvaguarda do Património; e até se somos hoje dignos de tais riquezas, que os nossos antecessores nos legaram.
São assuntos deste teor que estarão em aberto na nossa Tertúlia, para que possam ser escalpelizados e debatidos com a inteligência de que formos capazes.
Os dois seguintes poemas do Professor João de Castro Nunes, Amigo da ALTERNATIVA desde a primeira hora, são uma excelente introdução ao tema, que será por nós debatido no dia 7.
Lidar com pedras
As vilas, as aldeias, as cidades,
na sua topográfica estrutura,
têm alma própria, têm identidades
como qualquer pessoa ou criatura.
Existe um eixo de orientação
no seu traçado, nunca lhes faltando
um largo principal, cuja feição
não se deve alterar de quando em quando.
Não se pode mexer de qualquer modo
numa edificação, num monumento
sob pena de estragá-los no seu todo.
Cada lugar merece ser tratado
quando se impõe, mas com discernimento
a fim de não ficar… desvirtuado!
Identidade e património
A maneira de ser, a identidade
de uma nação, de um povo, que se entende
como uma espécie de comunidade,
da forma de governo não depende.
Assenta no diálogo constante,
ininterrupto, a bem dizer diário,
com as leiras que temos por diante
servindo-nos de berço e de cenário.
Governe-nos um rei ou presidente,
Manuel, João, Cesário ou Possidónio,
o caso nada tem de transcendente.
O que de uma horda faz uma nação
é o seu comum apego ao património
ainda que não passe de um torrão!
João de Castro Nunes