Decrépito o leão, terror dos bosques,
E saudoso da antiga fortaleza,
Viu-se atacado pelos outros brutos,
Que intrépidos tornou sua fraqueza.
Eis o lobo c’os dentes o maltrata,
O cavalo c’os pés, o boi co’as pontas,
E o mísero leão, rugindo apenas,
Paciente digere estas afrontas.
Não se queixa dos fados; porém vendo
Vir o burro, animal de ínfima sorte:
«Ah! vil raça – lhe diz – morrer não temo,
Mas sofrer-te uma injúria é mais que morte!»