Fora dos muros da Universidade
com setecentos anos de existência
que foi mas já não é, por excelência,
o fulcro dominante da cidade,
Saúdo com fundada expectativa
a acção que na cultura sem barreiras
quer fomentar na região das Beiras
a Associação chamada ALTERNATIVA.
Há que lançar Coimbra para a frente
dos horizontes culturais do meio
que lhe é por natureza concernente.
O facho da cultura empunhe em mão
no centro do país sem ter receio
de ser objecto de confrontação!
João de Castro Nunes
4 comentários:
A ausência de qualquer espécie de comentário ao presente poema é a prova insofismável da inércia cultural do meio coimbrão.
João de Castro Nunes
Nem é tarde nem é cedo para, em complemento e a propósito do anterior comentário, publicitar por este meio os dois poemas que se seguem interligadamente:
Nihil novi
Segundo Miguel Torga, é incapaz
a Universidade em que estudou
de promover ideias; o que faz
é transmitir apenas o que herdou.
Falta-lhe o génio arguto e perspicaz,
que na verdade nunca demonstrou:
em dizer o já dito se compraz,
pois nada de raiz desencantou.
Nenhuma teoria se lhe deve,
maneira nova de encarar o mundo,
doutrina original, como ele escreve.
Longe por isso de formar as mentes,
o seu papel limita-se, no fundo,
a ser um sábio corpo de docentes!
Sem borla nem capelo
Pela Universidade coimbrã
dão-se a torta e a direito, quando calha,
ou seja, por dá cá aquela palha,
capelos à fartura, ao Deus dará.
Todo o gato sapato, ilustre ou não,
tanto estrangeiro como nacional,
acaba tendo a borla doutoral,
seja qual for a sua graduação:
jurisconsultos, gente da política,
homens de letras, pessoal da crítica,
facultativos ou economistas.
A ti somente, Torga, te negaram
a distinção que a tantos outorgaram
por nítidas razões oportunistas!
João de Castro Nunes
O Professor João de Castro Nunes tem toda a razão nas observações que faz. É imperativo que Coimbra, enquanto cidade, desperte para um estilo de Cultura mais informal, menos hierático, mais vivo. É necessário que a "sociedade civil" de Coimbra interiorize que há mais horizonte para além do que se vê do cimo da velha Torre da Universidade.
Pode-se dizer que temos aqui a primeira ode à ALTERNATIVA. Gostei.
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