Conforme o anunciado, decorreu, no passado dia 18, na Galeria Santa Clara, a primeira "TERTÚLIA ALTERNATIVA", onde se falou, em tom descontraído e em clima de grande camaradagem, nos "filmes da nossa vida".
O tema foi muito bem apresentado, no início, pela nossa associada Alexandra Silva, tendo-se generalizado um estimulante diálogo entre todos os presentes após a sua exposição inicial. Na última reunião de Direcção, foi deliberado manter a segunda-feira como dia adequado para a realização destas nossas iniciativas.
A segunda "TERTÚLIA ALTERNATIVA" será anunciada oportunamente, embora possamos desde já adiantar que versará sobre "Intervenção no Património" e que terá como expositores iniciais os nossos associados Fernando Madeira e Maria Antónia Lucas da Silva. Embora em sectores diferenciados, tanto o Fernando como a Maria Antónia se encontram profissionalmente ligados a temáticas de conservação de património edificado e cultural, pelo que prevemos uma excelente oportunidade para reflectir e actualizar perspectivas sobre esta temática.
Não queremos concluir esta breve notícia sem transcrever aqui as poesias que o nosso Amigo Prof. João de Castro Nunes nos enviou. Elas versam sobre três filmes memoráveis, como memoráveis nos parecem os versos de João de Castro Nunes.
Os filmes que estiveram na base da sua motivação poética foram "E tudo o vento levou", "O Carteiro de Pablo Neruda" e "O Pianista".
Quem não recorda estes momentos altos da cinefilia?
Tudo o vento levou
Tudo o vento levou, beleza, altura,
alianças, desavenças, amizades,
juras de amor, ciúme, hostilidades,
tudo o tempo desfaz, nada perdura.
Apagam-se as estrelas no universo
inexoravelmente sem que a vida
volte a surgir, igual ou parecida,
em novo, casto e mais dourado berço.
Dê lá por onde der ou quando for
e sem se imaginar como será,
coisa nenhuma o vento poupará.
Só Deus vai durar sempre, ó meu amor,
só Ele e o nosso amor, nossa afeição,
no cerne do seu vasto coração!
O carteiro
Em todo o ser humano há um carteiro
que um dia se enamora de uma dama
querendo antes do mais saber primeiro
o nome que ela tem, como se chama.
Para uns é Beatriz, como a de Dante,
para outros Leonor, Laura ou Diana,
para Camões seria… Violante
se quem o diz acaso não se engana.
Todos somos carteiros na existência
que em dada altura, sem lugar nem data,
nos vemos nessa súbita emergência.
Só que nem todos temos um Neruda
para com seus poemas na hora exacta
Tudo o vento levou, beleza, altura,
alianças, desavenças, amizades,
juras de amor, ciúme, hostilidades,
tudo o tempo desfaz, nada perdura.
Apagam-se as estrelas no universo
inexoravelmente sem que a vida
volte a surgir, igual ou parecida,
em novo, casto e mais dourado berço.
Dê lá por onde der ou quando for
e sem se imaginar como será,
coisa nenhuma o vento poupará.
Só Deus vai durar sempre, ó meu amor,
só Ele e o nosso amor, nossa afeição,
no cerne do seu vasto coração!
O carteiro
Em todo o ser humano há um carteiro
que um dia se enamora de uma dama
querendo antes do mais saber primeiro
o nome que ela tem, como se chama.
Para uns é Beatriz, como a de Dante,
para outros Leonor, Laura ou Diana,
para Camões seria… Violante
se quem o diz acaso não se engana.
Todos somos carteiros na existência
que em dada altura, sem lugar nem data,
nos vemos nessa súbita emergência.
Só que nem todos temos um Neruda
para com seus poemas na hora exacta
nos dar a sua… calorosa ajuda!
O pianista
“Sou pianista” - disse esfomeado
o polaco judeu ao capitão
das forças alemãs da ocupação
que o surpreendeu no esconderijo ao lado.
“Toque!” - ordenou. Sem se fazer rogado,
o polaco judeu com emoção
tocou de modo tal que o alemão
ficou praticamente desarmado.
Absorto, sem sequer pestanejar,
pregado ao solo, o oficial nazi
não foi capaz de o expulsar dali.
Que bela cena aquela a demonstrar
que até no meio da brutalidade
pode ter voz a sensibilidade!
O pianista
“Sou pianista” - disse esfomeado
o polaco judeu ao capitão
das forças alemãs da ocupação
que o surpreendeu no esconderijo ao lado.
“Toque!” - ordenou. Sem se fazer rogado,
o polaco judeu com emoção
tocou de modo tal que o alemão
ficou praticamente desarmado.
Absorto, sem sequer pestanejar,
pregado ao solo, o oficial nazi
não foi capaz de o expulsar dali.
Que bela cena aquela a demonstrar
que até no meio da brutalidade
pode ter voz a sensibilidade!
Os três poemas são da autoria de João de Castro Nunes.
Bem-haja pelo seu envio!
1 comentário:
Pablo Neruda dizia n'O Carteiro: "Quando se explica a poesia, ela torna-se banal. Melhor que qualquer explicação é a experiência de sentimentos que a poesia pode revelar a uma natureza aberta o suficiente para a perceber".
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