“O que foi deles é meu”
Afonso Duarte
Em vão não foi, Poeta, que viveste
nas imediações de Montemor
frente a cujas muralhas escreveste
poemas como os quais não há melhor.
Não sei se vez alguma tu soubeste
que o denodado Cid Campeador
andou por esse solo onde quiseste
permanecer por arraigado amor.
Onde outros pela história se ilustraram,
como o autor da “Peregrinação”
e o bravo Rei que mal aconselharam,
tu, pelo dom da tua Poesia,
tiveste a dita de, nesse rincão,
lhes teres feito boa companhia!
João de Castro Nunes
Afonso Duarte
Embora sem cadeira na tribuna
do mundo literário teu coevo,
tens o direito a ter uma coluna
entre os poetas com algum relevo.
Se não figuras nas antologias
e nos compêndios de índole escolar,
o certo é que nas tuas poesias
se manifesta uma alma singular.
Sem definido rumo literário,
a tua poesia é mais que nada
um eco do teu génio libertário.
Na tua pátria voz amordaçada,
Ereira, a tua aldeia bem amada,
parte fará do nosso itinerário!
João de Castro Nunes
MEMENTO SINÓPTICO (*)
(a Afonso Duarte)
Poeta saudosista e do lirismo,
demarcou-se de Nobre e de Junqueiro
e, resoluto, entrou p’lo modernismo,
mantendo-se Poeta por inteiro!
E os jovens poetas, seus amigos
(tal como, no Soneto, ele pedia),
recusando o letargo e seus perigos,
não o deixam morrer, dão-lhe alegria!
Foi com árvores, com pedras e rios
que compôs toda a sua humanidade.
Amou a Poesia, sem desvios,
e, mesmo em tempos rudes e sombrios,
nunca escondeu a sua identidade.
E tinha muito orgulho na Ereira
- a sua Guernesey mártir, dorida –
que lhe mostrou a luz fria do inverno
e nunca, para ele, foi barreira,
mas, sim, a terra-Mãe, prenhe de vida,
em cujo ventre dorme o sono eterno!
*Cf. “Ilha dos Amores” Júlio Correia
“Diálogo com a Minha Terra”
“Soneto a jovens, meus amigos” (01.03.2008)
Afonso Duarte
Em vão não foi, Poeta, que viveste
nas imediações de Montemor
frente a cujas muralhas escreveste
poemas como os quais não há melhor.
Não sei se vez alguma tu soubeste
que o denodado Cid Campeador
andou por esse solo onde quiseste
permanecer por arraigado amor.
Onde outros pela história se ilustraram,
como o autor da “Peregrinação”
e o bravo Rei que mal aconselharam,
tu, pelo dom da tua Poesia,
tiveste a dita de, nesse rincão,
lhes teres feito boa companhia!
João de Castro Nunes
Afonso Duarte
Embora sem cadeira na tribuna
do mundo literário teu coevo,
tens o direito a ter uma coluna
entre os poetas com algum relevo.
Se não figuras nas antologias
e nos compêndios de índole escolar,
o certo é que nas tuas poesias
se manifesta uma alma singular.
Sem definido rumo literário,
a tua poesia é mais que nada
um eco do teu génio libertário.
Na tua pátria voz amordaçada,
Ereira, a tua aldeia bem amada,
parte fará do nosso itinerário!
João de Castro Nunes
MEMENTO SINÓPTICO (*)
(a Afonso Duarte)
Poeta saudosista e do lirismo,
demarcou-se de Nobre e de Junqueiro
e, resoluto, entrou p’lo modernismo,
mantendo-se Poeta por inteiro!
E os jovens poetas, seus amigos
(tal como, no Soneto, ele pedia),
recusando o letargo e seus perigos,
não o deixam morrer, dão-lhe alegria!
Foi com árvores, com pedras e rios
que compôs toda a sua humanidade.
Amou a Poesia, sem desvios,
e, mesmo em tempos rudes e sombrios,
nunca escondeu a sua identidade.
E tinha muito orgulho na Ereira
- a sua Guernesey mártir, dorida –
que lhe mostrou a luz fria do inverno
e nunca, para ele, foi barreira,
mas, sim, a terra-Mãe, prenhe de vida,
em cujo ventre dorme o sono eterno!
*Cf. “Ilha dos Amores” Júlio Correia
“Diálogo com a Minha Terra”
“Soneto a jovens, meus amigos” (01.03.2008)
Sem comentários:
Enviar um comentário