Hei-de aprender um ofício de que goste, há tão poucos, talvez carpinteiro, ou pedreiro. Construiria uma casa neste chão de areia com pedras húmidas, lisas, ou cheias de limos, frias, são tão bonitas, com seus veios cruzando-se, ou afastando-se de costas uns para os outros. Havia de meter-me por esses miúdos caminhos de chibas para ver, ao fim da tarde, chegar os saltimbancos em toda a sua glória, que me apontam as nuvens lentas, muito brancas, afastando-se.
Eugénio de Andrade
4 comentários:
ROSAS NO INVERNO
Não sei que fazer
de uma rosa no inverno.
Eugénio de Andrade
Se nos jardins da minha fantasia
em pleno inverno me nascessem rosas,
meu coração com elas aquecia
como se fossem brasas... olorosas.
Nas tuas jarras as colocaria
ao lado das camélias e mimosas
e desde logo tas ofertaria
por serem porventura milagrosas.
Rosas de inverno, onde é que elas existem,
em que jardim se encontram, como são,
como é que fora de época resistem?
Se acaso, amor, viesse um dia a tê-las,
colhendo-as para ti com emoção,
eu saberia o que fazer com elas!
JOÃO DE CASTRO NUNES
O quadro estraga o texto.
A pincelada suja a paisagem.
Ó pá! não é pincel, é trincha!
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