
Um dia um homem perguntou ao xeque quais eram os modos de alcançar Deus. “Os modos de alcançar Deus”, replicou, “são tantos quantas as criaturas que há neste mundo. Mas o mais curto e mais simples é servir os outros, não os ofender e fazê-los felizes”.
[…]
MOJDEH BAYAT e MOHAMMAD ALI JAMNIA, Contos do País dos Sufis
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DEUS NOS OUTROS
Em cada ser humano Deus está,
fazendo um só connosco, lado a lado:
sempre assim foi e sempre assim será
seja qual for o credo praticado.
Por isso é fácil adorá-lo em nós,
que partilhamos sua natureza,
constantemente ouvindo a sua voz
dentro de nós, na rua, em casa, à mesa.
Difícil é amá-lo nos demais,
nos outros homens com os quais vivemos
nas nossas relações habituais.
É nesses que Deus quer que O adoremos,
ou seja, aqueles que, apesar de iguais,
por egoísmo em nula conta temos.
João de Castro Nunes
COM DEUS PELA HARMONIA
(poema de espírito sufi)
Quando ouço os violinos ouço Deus
falando-me aos sentidos, pelos quais
a mente elevo aos aposentos seus
no centro dos espaços siderais.
Nos seus acordes plenos de harmonia,
sentimentais, românticos, vibrantes,
subo até Deus, em cuja companhia
eu passo a residir por uns instantes.
Falam por mim com Ele os violinos
na sua linguagem musical,
apátrida, sem raça, universal.
Ainda que pareçam desatinos,
ouvindo os violinos a tocar
com Deus no céu me encontro... par a par!
João de Castro Nunes
"SERVIR OS OUTROS"
Para chegarv a Deus da melhor forma,
a um xeque perguntou certo islamita
com boas intenções qual era a norma,
a via, face à lei, mais expedita.
Ele lhe respondeu sinceramente
que nele próprio estava a solução:
amar como a si próprio toda a gente
sem nenhuma reserva ou excepção.
Nada mais simples, nada mais directo
para Deus alcançar, acrescentou,
esteja ou não prescrito por decreto.
Pois é, diremos nós, o ser humano,
cristão, judeu, budista ou muçulmano,
foi sempre nesse campo que falhou!
João de Castro Nunes
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