domingo, 15 de junho de 2008

MEU REMORSO DE TODOS NÓS ...

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há “papo-de-anjo” que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós …

ALEXANDRE O’NEILL, PORTUGAL

1 comentário:

Anónimo disse...

"REMORSO MEU... DE TODOS NÓS"


Poeta, não te entendo: que razão
pode existir para um de nós qualquer
sentir remorsos por não ter nação
do jeito ou da maneira que se quer?

De tudo quanto falas, trago em mim,
desde menino e moço, de garoto,
de tudo um pouco, pois ao mundo vim
no norte do país, dito minhoto.

Lá se encontra o melhor de Portugal
em todos os sentidos, desde as festas
ao vinho verde, que é o principal.

Com tais feições, mais boas do que más,
muitas das quais de tradições pagãs,
não sei, Poeta, porque te molestas!


João de Castro Nunes