quinta-feira, 23 de outubro de 2008

EFEITOS DO AMOR

Nascemos para amar; a humanidade

Vai tarde ou cedo aos laços da ternura:

Tu és doce atractivo, ó formosura,

Que encanta, que seduz, que persuade:

 

Enleia-se por gosto a liberdade;

E depois que a paixão n’alma se apura,

Alguns então lhe chamam desventura,

Chamam-lhe alguns então felicidade:

 

Qual se abisma nas lôbregas tristezas,

Qual em suaves júbilos discorre,

Com esperanças mil na ideia acesas:

 

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre;

E, segundo as diversas naturezas,

Um porfia, este esquece, aquele morre.

 

MANUEL BARBOSA DU BOCAGE (1765-1805)

3 comentários:

Anónimo disse...

MODOS DE AMAR

Não conheceu Bocage o vero amor,
aquela prazerosa sensação
que é um produto da combinação
do fogo, do carinho e do pudor.

Com todo o seu talento de escritor
em verso exímio, eivado de cultura,
não passa de febril literatura
o seu legado acerca da paixão.

Em Camões se inspirou, por cuja boca
Bocage fala, sem, no que lhe toca,
ter conhecido amor igual ao seu.

Aos dois eu contraponho o caso meu
de outra espécie de amor ante o altar
na paz afectuosa do meu lar!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

(Versão que anula a anterior)

MODDOS DE AMAR

Não conheceu Bocage o vero amor,
aquela prazerosa sensação
que é um produto da combinação
do fogo, do carinho e do pudor.

Com todo o seu talento de escritor
em verso exímio, eivado de cultura,
não passa de febril literatura
o que ele diz... apenas por supor.

Em Camões se inspirou, por cuja boca
Bocage fala, sem, no que lhe toca,
ter conhecido amor igual ao seu.

Aos dois eu contraponho o caso meu
de outra espécie de amor ante o altar
na paz afectuosa do meu lar!

João de Castro Nunes

Anónimo disse...

AMAR ATÉ MAIS NÃO

Amar,amar, amar até mais não,
amar fervendo, como tu dizias,
amar, amar, amar todos os dias
até se nos parar o coração;

amar ano após ano, a todo o instante,
sem hora para nada, além de amar,
amar, amar, nunca de amar deixar
em natural renovação constante;

amar como se nada mais houvesse
para fazer na vida a não ser dar-se
até final sem peso nem medida;

amar, quando o amor nos acontece,
é, por assim dizer, perpetuar-se
no ser amado para além da vida!

João de Castro Nunes