sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A SÉ VELHA E OS CÓNEGOS

Não andavam os cónegos satisfeitos com o seu coro a meio da igreja. Ali se cruzavam os ventos, que irrompiam pelas quatro portas, voltadas duas a norte, uma a oeste, outra a sul. Todos os dias, de verão e de inverno, tinham de lá estar longo tempo, às horas matutinas e às horas vespertinas, com grande incómodo seu. Os cónegos estavam prontos a sujeitar-se àqueles incómodos uma ou outra vez, nos dias de grande solenidade pontifical; mas, para a recitação quotidiana do Ofício divino, desejavam um lugar mais reservado, mais agasalhado, onde desempenhassem o seu múnus com um pouco de comodidade. Lembraram-se então de erguer um coro alto, ao fundo da igreja, ao nível dos trifórios, onde pudessem cantar todos os dias os louvores divinos. Foi em 1469 que o coro se inaugurou.

Dr. António de Vasconcelos, A Sé-Velha de Coimbra

1 comentário:

Anónimo disse...

VENTOS CRUZADOS

Bendito o frio que, em devida altura,
os cónegos da sé fez reagir
levando-os a propor ou exigir
remédio para aquela conjuntura.

Para evitar os ventos procedentes,
cruzadamente, das diversas portas
durante as orações, por vias tortas
uma ideia tiveram... descontentes:

fazer o coro ao fundo, em lugar alto
sobre o portal românico da entrada,
por forma a pôr um termo ao sobressalto.

Esta a origem foi concretamente
do coro da Sé Velha acarinhada,
no burgo coimbrão, por toda a gente!

João de Castro Nunes